A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, conhecida pela sigla DPOC, é uma condição respiratória séria que afeta milhões de pessoas. Como explica o Dr. Rafael Faraco, pneumologista, o termo DPOC engloba, na verdade, uma combinação de duas condições principais: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar.
O Que Acontece nos Pulmões?
Para entender a DPOC, é útil visualizar o caminho do ar. Ele entra por pequenos “caninhos”, os bronquíolos, e chega aos alvéolos, minúsculos sacos de ar onde ocorrem as trocas gasosas.
- Bronquite Crônica: Ocorre quando os bronquíolos ficam inflamados e inchados, dificultando a passagem do ar.
- Enfisema Pulmonar: Caracteriza-se pela destruição das paredes dos alvéolos. Dr. Faraco compara o pulmão saudável a uma bexiga que, ao ser solta, expele o ar rapidamente devido à sua elasticidade. No enfisema, essa elasticidade se perde, e o ar fica “represado” dentro dos pulmões, dificultando a respiração.
Principais Causas: Mais Além do Cigarro
Embora o tabagismo seja o grande vilão, responsável por cerca de 80% dos casos de DPOC, ele não é o único culpado. Entre 15% a 20% dos casos estão relacionados à queima de biomassa, como explica Dr. Faraco. Isso inclui a exposição prolongada à fumaça de:
- Fogão a lenha: Pessoas que cozinharam ou viveram em casas com fogão a lenha por muitos anos.
- Carvão e lenha em ambientes de trabalho: Como pizzarias ou outros locais que utilizam fornos a lenha, onde a inalação diária dessa fumaça ao longo de 10, 20 ou 30 anos pode levar ao desenvolvimento da DPOC, mesmo sem histórico de tabagismo.
Sintomas de Alerta
O sintoma mais marcante da DPOC é a falta de ar (dispneia). No entanto, outros sinais não devem ser ignorados:
- Pigarro Crônico: Aquela sensação constante de ter algo na garganta ou a tosse com catarro, muitas vezes considerada “normal” por fumantes, pode já ser um sinal de bronquite crônica e, consequentemente, de DPOC.
“Tem sintomas respiratórios? É fundamental procurar o seu pneumologista”, alerta Dr. Faraco.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico da DPOC é feito por um pneumologista, que avaliará os sintomas, o histórico do paciente e solicitará exames como a prova de função pulmonar (espirometria), que mede a capacidade respiratória.
O tratamento visa controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco de crises (exacerbações). As principais medidas incluem:
- Cessar o Tabagismo: É a medida mais importante para quem fuma.
- Medicação Broncodilatadora: Medicamentos inalatórios que ajudam a abrir as vias aéreas, facilitando a respiração.
- Vacinação: Essencial! A vacinação anual contra a gripe (influenza) e a vacinação contra a pneumonia (pneumocócica) são cruciais. Infecções respiratórias são gatilhos comuns para crises de DPOC, e cada crise pode levar a uma perda permanente da função pulmonar.
A prevenção de infecções virais, como visto durante a pandemia de COVID-19 com o uso de máscaras e distanciamento, mostrou reduzir as internações por DPOC, reforçando a importância de evitar esses gatilhos.
Se você tem falta de ar, pigarro crônico ou histórico de exposição a fumaça (cigarro ou biomassa), não hesite em procurar um médico pneumologista para avaliação. O diagnóstico e o tratamento precoces fazem toda a diferença.